terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O meu Medo

Todos nós sabemos que a vida dos portugueses não vai nada bem e só tem tendência para piorar. Mais medidas em nome da austeridade em defesa daqueles que estão só a fazer um péssimo trabalho. A esses aconselhava a virem para a rua e abrirem bem os olhos e repararem no que andam a fazer às pessoas que já pouco ou até mesmo que nada têm, refiro me aos sem-abrigo que com o passar do tempo são cada vez mais, cada um com a sua história de vida mas com a situação em que vivemos basta ver que os motivos devem ser iguais, seja desemprego, despejados, orgulho. Será que a culpa morre solteira?
Como trabalho num centro comercial, vejo cada vez mais pessoas a permanecerem sentadas onde as suas vidas se resumem às suas malas, sacos que trazem consigo à espera que a noite caia e as portas do centro sejam fechadas. Para onde vão não sei mas sei que nada lhe acontece na noite por voltam ao mesmo sitio para mais um dia, mas até quando? O que devem sentir estas pessoas que se calhar já tiveram tudo e agora nada têm?
Assusto me todos os dias cada vez que vejo mais uma pessoa que faz da rua a sua casa e penso, será que um dia isto me vai acontecer?
Vejo nos noticiário que por dia fecham 25 lojas, quando chegará a minha vez? 
Mudar de emprego? Não me parece, como diz o velho ditado, mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. Tenho uma casa para pagar, contas para pagar, quase que posso dizer que é chapa ganha, chapa gasta. 
Poupar? Sim, na roupa para durar mais tempo, na comida para dar mais para uma refeição. Sou um privilegiado na medida que ainda posso fazer isto mas nada me impede de pensar num futuro que de certezas não tem nada. 
Emigrar? Uma hipótese, mas para onde? Espanha, França, Itália? Mais do mesmo... 
Não acabei os meus estudos por estupidez e burrice minha, estava no último ano em que faltava apenas duas cadeiras e o trabalho final, não foi capaz de conciliar trabalho vs estudos, sei que não tenho desculpas porque muita gente conseguiu e consegue fazer no tempo certo. Um pouco de preguiça e a pensar que para o ano é que era, pois... pensei mal. Agora terminar o curso tornou-se num peso insuportável financeiramente, não consigo. Morri literalmente na praia. 
Nada orgulhoso das minhas decisões, porque trabalhar e ter o dinheiro ao fim do mês soube muito bem, fiz vida de lorde enquanto vivia em casa dos pais, depois surgiu aquele formigueiro de ter casa própria, vontade de tomar as rédeas da minha vida e tornar me independente, comprei casa sempre com a intenção de continuar os estudos, assim fiz, consegui fazer as disciplinas do primeiro semestre mas depois veio o verão e deu cabo de mim lol.
Empenhei me no ano seguinte mas deu no mesmo, a carne é fraca. Estou como estive, agora a vontade tornou-se numa miragem.
Assumo me como culpado mas não estou só, nunca pensei que na minha vida os políticos tivessem tanto peso nas minhas decisões. Não quero acabar na rua, tenho medo e até talvéz seja vergonha de acabar assim, mas atenção não quero discriminar nem tirar o valor de ninguém. Tenho o que tenho porque batalhei por isso e perder por culpa que não é inteiramente minha só deve doer por dentro e por fora.
Tenho os meus pais que me ajudam quando estou necessitado, graças a Deus acontece poucas vezes mas e quem não tem uma mão assim? Nada é eterno. Tudo muda.
Que futuro o meu?
Tenho e continuo com medo. 
Fraco? Talvéz mas realista.

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